Doutor Alberto era um
grande empresário, um homem muito respeitado perante á sociedade, sua história
chega a ser de superação, um homem que quebrou barreiras e deixou uma infância
pobre para obter muitas riquezas, se tornando um homem de negócios, mas junto
com suas riquezas ele obteve um novo caráter, não era mais aquela criança doce
e encantadora, se tornou um Deus, um homem muito arrogante e severo, virou um
ser humano amargo e robótico, estava sempre ocupado, por isso ao invés de
presentear seus filhos com amor e carinho, os presenteava somente no campo
material e havia se esquecido de presentear seus filhos no campo emocional.
Seus filhos eram muito unidos, mas estavam seguindo o exemplo do pai,
tornando-se arrogantes e amargos. Alberto então decidiu treinar seus filhos para
assumir o seu lugar, e desde então as coisas só pioravam. João e Vitor eram
péssimos lideres e tratavam mal a todos.
Alberto não contava com o fato
de que a vida dá muitas voltas, e o prepararia uma surpresa muito desagradável.
Em um exame médico foi encontrada uma grave doença, e o médico após muitos
exames constataram que infelizmente Alberto só teria mais dois meses de vida.
Aquele grande homem severo, poderoso e muito rico se transformou em uma frágil
criança; percebeu que a morte nos humaniza, já não sabia o que dizer, nem ao
menos o que deveria fazer, seu mundo desmoronou. Era um homem de apenas 55
anos, muito jovem para partir desta vida, mais devido ao estresse, seus
pensamentos mórbidos e uma vida dedicada somente ao trabalho, sua doença se
agravou. Foi justamente nessa hora que ele percebeu que nem todo dinheiro e
poder do mundo traria sua saúde de volta, muito menos compraria a felicidade de
ver seus filhos assumindo a empresa, se casando e lhe dando netos, nunca
compraria paz no coração. Alberto então decidiu fazer uma viagem e nesses dois
meses iria refletir sobre sua vida. Deixou seus filhos responsáveis pela
empresa, disse que precisava de umas férias e que viajaria pelo mundo; ele não
teve coragem de dizer a verdade.
No dia de sua morte, João e Vitor
foram comunicados, o advogado além de ser responsável pela notícia, recebeu
outra missão de seu cliente Alberto e disse: João e Vítor seu pai me deixou
responsável por dividir entre vocês toda a riqueza que ele acumulou durante
toda sua vida, ele me confidenciou que suas riquezas estão todas dentro do
cofre de sua casa e vamos até lá para abri-lo e dividir entre vocês o que ele
os deixou ao partir. Mas João e Vitor pareciam nem ligar para a morte do pai,
havia uma intensa briga entre eles, que praticamente lutavam pela herança; os
irmãos que eram tão unidos, agora estavam em pé de guerra. João pensava consigo
mesmo: Já posso até imaginar, no cofre deve haver dólares, euros, muito
dinheiro, escrituras de propriedades, ações de diversas empresas pelo mundo,
pode até ter barras de ouro, não vejo a hora de meter a mão na grana do velho.
Vítor também pensava semelhante ao irmão: Não vejo a hora que abra logo, esse
cofre deve ter muita grana, o velho era muito rico e tinha muitas propriedades
e sempre deu mais importância ao material do que seu lado emocional. Até mesmo
os advogados já acostumados com esses casos, ficaram completamente horrorizados
com suas atitudes, então finalmente decidiram abrir o cofre.
Foi um momento de puro suspense e muita
tensão, ao abrir o cofre eles tiveram uma surpresa e um forte choque, se
olharam entre si e não entenderam nada e até se perguntaram: Isso é uma piada? No cofre só haviam fotos e recados de quando
João e Vítor eram crianças, uma foto da mãe dos rapazes, algumas poesias e
textos assinados por Alberto e uma coleção de livros do Doutor Augusto Cury.
Além disso, havia também uma carta que dizia: "Queridos filhos que eu
tanto amo e sempre amarei, primeiramente gostaria de me desculpar com vocês
pelo péssimo exemplo que dei á vocês e pelo pai ausente que fui, somente agora
perto de minha morte estou me humanizando, tentei dissecar o meu ser, lapidar
os meus defeitos.
Saibam, meus filhos, que esses
foram os dois meses mais intensos da minha vida, comecei somente agora perto de
minha morte a descobrir que a vida é muito mais do que o nosso exterior, eu
existi somente na superfície, nos meus últimos dias entendi a verdade e a
essência de nossas vidas, aprendi a contemplar o belo da natureza, tudo e todos
ao nosso redor. A noite eu conversava com a lua e namorava as estrelas, voei
pelo lindo céu azul na asa delta da imaginação, presenciei os pássaros cantando
, aprendi a dançar com alegria a valsa da vida, fiz uma viagem como nunca havia
feito antes, mas desta vez não cruzei o meridiano. Por certo vocês acham que
fui á Europa? Paris? Milão? Não meus filhos desta vez viajei para dentro do meu
ser, visitei os vales da sombra de minha arrogância e soberba, nesta viagem
aprendi a controlar minhas emoções e filtrar meus pensamentos ruins, nunca na
vida agi por impulso e através do ego, comecei a me divertir com minha
insensatez e minhas mazelas, percebi que uma pessoa inteligente aprende com
seus erros, mas uma pessoa sábia aprende com o erro do outro, por isso aprendam
com o meu erro de como não se deve ser e viver, aprendam as grandes lições da
escola da vida. Só agora dissecando o meu ser percebi que eu era autoritário e
rígido por ser infeliz interiormente, me vi agora como uma pessoa porco
espinho: agressiva por fora e frágil por dentro.
A verdadeira felicidade está
na simplicidade, procuramos tanto essa tal da felicidade, quando na verdade ela
mora e se esconde dentro de nosso ser, nós tentamos conquistar e seduzir a
felicidade através do luxo fútil exterior, mas no final todo luxo vai para o
lixo; ao morrermos não levamos nada a não ser a vida que levamos e o legado que
deixamos do útero ao túmulo a única coisa que realmente existiu e sempre existirá
e que irá nos libertar é o amor.
Eu sempre me preocupei com
valores econômicos e tive poucos valores de vida, me preocupava muito com o
ilusório mundo exterior e esqueci o meu fantástico e libertador mundo interior.
Vivemos em uma sociedade que inverte os valores, fazem do consumismo e da
ignorância uma escravidão mental, desculpe-me meus filhos, pois eu sempre os
presenteei com brinquedos e muitos supérfluos materiais, mais nunca os dei
atenção, afeto, carinho, nunca ouvi suas histórias, suas preferências, nunca
penetrei no mundo de vocês, fui um pai no piloto automático, só agora descobri
que o amor se compara a uma flor: Se não cuidamos, não regamos nossos entes
queridos com afeto e carinho esse amor pode murchar como uma flor sem a água da
vida. Desculpe-me meus filhos se eu os decepcionei, não havia dinheiro no cofre
e nem nada material, neste cofre só guardei a verdadeira riqueza de toda minha
vida, vocês meus filhos, que sempre trarei no coração, e um pouco da sabedoria
que obtive durante esses meus últimos dias de vida. Nunca se esqueçam: Nunca é
tarde para recomeçar. Após lerem a carta, João e Vítor decidiram fazer igual ao
pai, se redescobrir se reinventar ser um eterno aluno na escola da vida, iriam
se humanizar e serem eles mesmos, tiraram suas máscaras sociais, e como seu pai
disse: Nunca é tarde para um novo recomeço.
TRECHO DO LIVRO
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