22 dezembro 2016

SINAIS

Na noite de Natal haverá no céu uma estrela que vai brilhar mais do que todas as outras e vai lhe trazer um enorme contentamento: Feliz Natal! Quando o senhor olhar para o céu, tenho certeza que vai sorrir antes de chorar. Não fique triste, não chore, não fique com essa dor em seu peito, não volte para cama e não durma antes de olhar para o céu novamente. Eu quero que o senhor me veja no brilho das estrelas e também quero olhar para o senhor novamente. Sou eu pai! Sou eu! Pode acreditar! Quanto mais a estrela brilhar, mais estarei feliz e quero dividir a minha felicidade com o senhor. Não desista meu pai. Não precisa se preocupar, pois eu estou bem ao lado de Deus. Deus ficou tão feliz quando eu cheguei aqui! Ele me abraçou, chorou e disse que estava com saudade de mim, que eu sempre fui um anjo preferido! Veja pai! Tudo é alegria! Tudo é felicidade! Já faz algum tempo que cheguei aqui no céu, mas sei que para o senhor é como se fosse ontem. Eu sei que é muito triste ficar longe de alguém que a gente ama tanto, tanto... assim como eu, o senhor, minha mãe e meu irmão, mas sei quão grande é o seu coração, bondoso, caridoso e generoso. Pai, não fique chorando escondido, pois eu estou vendo e Deus também. Chore sim, mais chore de felicidade, pois o lugar que eu estou é maravilhoso e Deus é tão bonzinho... tão bonzinho, assim como o senhor sempre foi comigo. Pai, daqui do céu eu vejo que existe uma "luz" dentro de ti, que conduz os teus passos e toda vez que o senhor orar a Deus, a luz brilhará! E mesmo que o senhor estiver na "escuridão", fique em paz meu pai, pois Deus habitará na luz do teu ser. E se o teu caminho for difícil, cheio de pedras, obstáculos e espinhos, use o poder da tua paciência e perseverança, pois na tua dificuldade um farol se erguerá e a luz brilhará, mais e mais... A luz se fará dentro de ti! Pai, siga tua vida, seja feliz! Daqui eu vou continuar vibrando pela tua luz e no dia que a gente se reencontrar... Bem, daí acho que poderemos chorar... e se aparecer à  nossa frente um enorme pássaro colorido, não se assuste pai! Nós vamos voar para um lugar maravilhoso e quando chegarmos vou correndo dizer a Deus: Esse é meu pai!
 TRECHO DO LIVRO
Anna Carolina Basílio João
06/01/1991 a

25/12/2005

A estrela não apareceu na noite de natal, mas apareceu no dia 28/12/2016, e pela janela do meu quarto, às 4:50hs eu a vi no céu, brilhando!!

17 dezembro 2016

DEUS SALVE AS BONECAS

Esmeralda ficou viúva muito cedo e teve que encarar qualquer trabalho que aparecesse para sustentar a pequena Jessica que quando o pai faleceu só tinha dois anos de idade. Esmeralda nunca deixou faltar nada à sua filha e teve uma época que trabalhava em três empregos diferentes para poder sustentar sua filha e não deixar faltar nada em casa. Entretanto, quando Jessica completou cinco anos de idade, Esmeralda adoeceu. Teve problemas sérios de saúde e passou por grandes dificuldades financeiras, pois os parentes estavam muito distantes. Neste período recebeu ajuda de uma associação de moradores do bairro e da Igreja local, que cuidaram de Jessica enquanto Esmeralda ficou internada. Depois de dois anos Esmeralda se restabeleceu por completo e conheceu Firmino, um homem bom, que ajudava voluntariamente na igreja e na associação. Esmeralda e Jessica foram morar com Firmino e ficou feliz. Firmino gostava muito de Jessica e a tratava como se fosse sua filha, o que deixava Esmeralda satisfeita e ainda mais apaixonada por Firmino. O tempo passou e chegamos no dia em que Jessica completava treze anos. Esmeralda estava feliz, animada por poder proporcionar uma festa de aniversário à filha. Ela trabalhava duro para poder dar o melhor possível à filha, que pode convidar todos os seus amigos para a festa. No final todos ficaram satisfeitos e Jessica agradeceu a mãe e seu padrasto. Jessica, apesar dos treze anos, brincava de boneca, tinha corpo de mulher atraente, de olhos claros chamava atenção por onde passava, mas na essência e em sua inocência, era uma menina, uma boneca que dormia no colo da mãe, chupando o dedo. De uma hora para outra as dificuldades voltaram a fazer parte da vida de Esmeralda, que não tinha mais a mesma vitalidade para trabalhar e Firmino ficou desempregado. Firmino passou a ficar o dia todo em casa ou no bar, bebendo e afogando as mágoas enquanto Esmeralda ralada em dois empregos. Enquanto Jéssica estava na escola e a mãe no trabalho, Firmino ficava bebendo no bar e só voltava para casa justamente quando Jéssica voltava da escola. Jéssica tinha alertado a mãe que não se sentia confortável em ficar em casa sozinha com Firmino, justamente porque o pecou espiando-a no banheiro. Jéssica passou a ter medo de Firmino, que vivia bêbado e não tinha a menor vontade de procurar emprego.Esmeralda trabalhava o dia inteiro, chegava em casa no começo da noite e ainda tinha que preparar o jantar para o vagabundo que não ajudava em nada com os afazeres do lar. Além do mais, cansada, doente, tinha que atender aos desejos sexuais do canalha. Por não aguentarem mais a vagabundice de Firmino, Esmeralda e Jessica resolveram ir embora, o que acabou provocando a ira de Firmino que começou a agredi-las. Esmeralda se sentia presa, trabalhando feito louca e ainda tendo que sustentar os vícios de Firmino. Sua filha Jessica mudou radicalmente. Não queria voltar para casa principalmente sabendo que ficaria só com Firmino, mas não tinha outro jeito, além do medo e das ameaças que o pulha fazia. Jessica parecia que estava escondendo alguma coisa da mãe, que muito preocupada faltou ao trabalho para acompanhar a rotina da filha. Naquele dia Jessica foi e voltou para a escola sem nada acontecer e o canalha do marido passou o dia todo bebendo no bar, à custa de esmeralda. Jessica continuava estranha e chegava em casa no mesmo horário da mãe para não ficar sozinha com o padrasto. Depois das aulas, ficava na casa das amigas esperando dar o horário da mãe chegar. Mesmo assim, Esmeralda continuou desconfiada até que um dia percebeu que a filha estava com uma marca roxa no braço e na perna. Perguntou o que era e a filha lhe disse que foi numa brincadeira com os amigos na escola. Jessica relutava em contar a mãe os sentimentos que a faziam ficar tão diferente até que um dia Esmeralda resolveu examinar o corpo inteiro da menina, cheio de marcas, alguns cortes nos dedos, parecia que havia lutado com alguém, mas não dizia nada a mãe, apenas chorava quando era pressionada a dizer alguma coisa. Entretanto, os próprios "amigos" de Firmino estavam desconfiados dele. Achavam que ele estava aprontando alguma coisa, mas não tinham provas, apenas desconfianças. Nas vezes em que Firmino sabia que Esmeralda ficaria em casa, ele passava o dia inteiro no bar e, do contrário, voltava para casa assim que Jessica voltava da escola. Mas Firmino estava com os dias contados. No bar não tinha mais crédito e chegou até a ser agredido por não pagar a conta das bebidas que consumia. E lá veio Jessica, chegando da escola e passando pela calçada do lado oposto ao bar. Os amigos de Firmino perceberam quando a menina passou e o calhorda saiu de fininho, para que ninguém perceber. Jessica entrou em casa e logo apareceu Firmino, tentando agarra-la, beija-la, fazendo ameaças de que a mataria se contasse a sua mãe. Jessica lutava se desvencilhava do canalha do padrasto, por isso os arranhões e as manchas roxas pelo corpo. Naquele dia Jessica não conseguiu se trancar no banheiro como de costume e não teve força suficiente para conter o avanço do padrasto que tentou estupra-la mais uma vez. Aos gritos misturado a lágrimas, Jessica chamava por Deus e pela mãe, enquanto o padrasto tentava a força arrancar lhe as roupas. Jessica estava encurralada pelo canalha pedófilo e sem forças para conte-lo quando inesperadamente Firmino foi surpreendido pela polícia que invadiu a casa e o pegou em flagrante, tentou estuprar a enteada que ficou totalmente sem roupa. Firmino foi preso em flagrante de delito e quase foi linchado pelos vizinhos que a muito tempo desconfiavam dele e chamaram a polícia que chegou a tempo de salvar Jessica. - A mãe é doente então eu tinha que ficar com a menina - Disse o pedófilo canalha. O exame de corpo de delito feito na jovem menina comprovou que há algum tempo Firmino vinha tendo relações sexuais com a menina e perguntada sobre porque não o denunciou, disse que tinha medo, pois o pedófilo ameaçou matar a ela e a mãe caso Jessica contasse alguma coisa. Firmino foi levado para a penitenciária para aguardar julgamento, enquanto Esmeralda e Jessica tinham mais um problema para enfrentar: Os exames apontaram que Jessica estava grávida... Uma gravidez indesejável e de alto risco, pois Jessica passou a ter vários problemas tendo que ser internada várias vezes, até que num dia acabou tendo um aborto espontâneo. Firmino foi condenado a doze anos de reclusão em regime fechado. Depois de quatro anos saiu da cadeira e logo se envolveu numa briga porque tentou abusar de uma menina de doze anos e foi novamente preso, depois de levar uma surra a pauladas de um grupo de pessoas que veio em socorro à menina. Mais tarde não teve a mesma sorte e acabou morto na cadeira por um grupo de presos que diziam que pedófilo e estuprador tinham que morrer. Esmeralda e Jessica continuaram suas vidas, com todas as dificuldades, mais em fim livres de Firmino. Carregaram em suas vidas um trauma que dificilmente será apagado, esquecido de suas memórias, principalmente de Jessica, a boneca salva por Deus!
TRECHO DO LIVRO

PRECES

Eu te perdoo por se afastar no momento em que eu mais precisei de você. Fico feliz por você estar bem e tem tido a oportunidade de realizar seus sonhos. Não lhe culpo por nada e nem seria digno de minha parte achar que você tenha que retribuir tudo o que fiz pra você. Nós crescemos juntos, mas hoje temos famílias distintas, causadas pela distância e pela falta de uma convivência mais afetiva de ambas as partes. Eu te perdoo e não vou carregar nenhuma mágoa, pois tenho você em meu coração. Temos princípios diferentes, pensamentos diferentes, mas o mais importante é o amor que eu sinto por você e você sente por mim, para que possamos ter a felicidade de saber que podemos receber carinho e afeto. Você sempre estará em minhas preces e a cada vez que vejo uma imagem sua vestida de felicidade, lembro-me dos tempos difíceis que você passou e agradeço a Deus por você nunca ter desistido e superado todas as barreiras que surgiram à sua frente. A minha forma de rezar é diferente da sua, mas não faz mal, nós amamos o mesmo Deus Pai Todo Poderoso e isso que importa, pois as nossas religiões traduzem o tamanho da nossa fé. Fique com Deus. Que Ele te proteja e você consiga realizar todos os seus sonhos. Ficarei à distância, torcendo, vibrando para que sua vida seja repleta de felicidade, pois você merece ser, por ser base para construção de uma amável família. Amém!
TRECHO DO LIVRO

05 dezembro 2016

ORAÇÕES

A estrada a percorrer atravessa pelo mar, é estreita, cheia de pedras, obstáculos, buracos e plantas murchas. Mesmo assim, caminho na direção certa e sei que se eu cair Ele virá para me dar a mão. Posso cair tantas vezes forem e quando eu não tiver mais forças Ele virá e me carregará até eu recuperar a minha energia, pois não vou desistir enquanto saber que Ele guia meu caminhar. Nem mesmo no sombrio vale da morte eu vou me desesperar, pois Ele estará sempre comigo. O Teu cajado me conduz e os fantasmas vão se afastar. Sou um pecador e peço misericórdia e perdão se não fui um justo com alguém. Faça sol ou faça chuva, mesmo na estrada barrenta e esburacada, vou prosseguir até encontrar o meu lugar. A luz no fim do túnel parece próxima, mas existem várias barreiras até eu chegar. E se eu não chegar, mandarei em garrafas pelo mar notícias minhas, para quem puder me encontrar, quem puder me perdoar. A tempestade na estrada estreita é muito forte e minhas pernas não tem mais ossos para se sustentarem e assim eu clamarei setenta vezes sete para que meu Mestre possa vir e soprar carne nos meus ossos mutilados e que eu possa me movimentar mesmo sendo levado pelas correntes a ponto de me afogar. Eu não tenho medo, eu tenho perseverança e caso eu me afogue Jesus Cristo virá me buscar. Ele andará sobre as águas... Andará comigo sobre o mar... Que assim seja! Amém!
Antonio Auggusto João 


28 novembro 2016

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

Armando sempre foi um sujeito pacato e muito sério, tanto no trabalho como em sua vida pessoal. Na empresa onde trabalhava conheceu Wanda, sete anos mais jovem do que ele. Armando era assediado por várias garotas em seu trabalho, mas sempre muito discreto, não deixava brechas para que viessem fofocas a seu respeito no corredor da empresa onde trabalhava. Wanda ainda era uma menina que acabara de completar dezoito anos e estava no seu primeiro emprego. Armando, mais maduro, exercia cargo de confiança na empresa, estava formado em administração de empresas e fazia vários cursos de aperfeiçoamento. Armando sabia o que queria: conhecer uma mulher que amasse, que juntos pudessem fazer planos para que num futuro próximo formar uma família, e viver para os filhos. Wanda via em Armando um porto seguro e logo que começaram a namorar fazia planos para o casamento. Apesar da diferença de personalidade, Armando se apaixonou loucamente por Wanda. Armando era tipo o último romântico, aquele à moda antiga, que manda flores, não esquece as datas comemorativas do casal, fazia poesias e declarações de amor... Estava perdidamente apaixonado por Wanda: Quando descobrimos o sentimento da paixão, ficamos bobos, com os pés fora do chão. Indubitavelmente, a pessoa apaixonada não consegue mais viver sem o grande amor. É como se faltasse o ar para respirar, como se o mundo estivesse em volta de quem se ama, como se existisse um só corpo e dois corações. Isso é muito perigoso, pois quem ama dessa maneira, perde a razão, ou a única razão de viver é estar com quem se ama. Competente e apaixonado Armando ficou. Talvez tenha que ter tido mais cuidado, mas o primeiro amor vem como se fosse uma doença que se cura com um só remédio, o remédio de estar ao lado de quem se ama, não podendo existir distância que possa separar o casal. Armando era tão discreto que demorou para os colegas de trabalho descobrir que ele e Wanda tinham um caso sério. Apenas os amigos mais íntimos sabiam, quando tudo ficou mais claro no dia da festa em comemoração ao aniversário da empresa. Armando sempre sério, num terno cinza, chegou à festa acompanhado, de mãos dadas a Wanda. Wanda estava linda num vestido negro transparente... Disse a uma amiga que tinha passado três horas no cabeleireiro e nem veio trabalhar no dia da festa. Tímido, Armando tentou desgrudar da mão de Wanda na entrada da festa, mas ela, decidida, não largou da mão de Armando - grudou como se fosse cola. Ao entrarem no salão, já estava tudo combinado antecipadamente para tocaram a música que marcava o romance do casal, e assim foi feito. Não teve outro jeito, Armando assumiu o namoro com Wanda ali, na frente de todo mundo e ainda ganharam presentes e chuva de arroz, além dos comprimentos de todos da empresa. Depois da festa, Armando e Wanda tiveram um ensaio de lua de mel e tudo aquilo fez com que Armando ficasse mais apaixonado, e Wanda também. Wanda se deslumbrou por Armando... A partir daquele dia o casal iria passar por uma prova de relacionamento: Armando e Wanda passariam a maior parte do tempo na empresa. Trabalhavam no mesmo setor e de onde Wanda se sentava, podia ver todos os movimentos de Armando, e vice e versa. Aos finais de semana, quando Armando não ficava na casa de Wanda, era Wanda quem ficava na casa de Armando. De certo que todo casal tem lá suas brigas e isso não era diferente com Armando e Wanda, mas, nas reconciliações, o amor voltava feito ventania, varrendo todas as mágoas que pudessem existir, e os beijos e abraços eram como fogo a queimar no peito, feito uma paixão ardente, cheia de desejos e sedução. Depois de um ano de namoro, Wanda começou a cobrar a data de casamento. Armando sempre adiava a data, pois cauteloso e planejador, dizia a Wanda que antes precisavam se planejar, ter um lugar para morar e comprar todos os móveis. Num determinado dia de domingo, Armando estava num cruzamento e foi lhe entregue um folheto, uma propaganda sobre venda de apartamentos. Armando pegou o folheto, pois se interessou. Chegando em casa ligou para o corretor do empreendimento e viu que a compra daquele imóvel está dentro das condições financeiras que possuía. Faria um enorme sacrifício, mas acreditava que pudesse arriscar. Pediu a opinião de seus pais que lhe disseram: - Meu filho, só se consegue alguma coisa na vida quem arrisca! Tenha fé que vai dar tudo certo! O incentivo que precisava, Armando obteve de seus pais. Inicialmente não comentou nada com Wanda, pois queria fazer uma surpresa. No dia seguinte Armando saiu mais cedo do trabalho, disse a Wanda que iria ao dentista e foi até o endereço do imóvel. Ficou encantado! Além do mais obteve ainda uma grande vantagem que reduziu o valor das prestações que teria que pagar. Feito isso, antes de assinar o contrato, levou Wanda para conhecer o apartamento. Wanda ficou encantada! Então, não restou mais nenhuma dúvida é imóvel foi adquirido. Armando ficou alguns meses sem disponibilidades financeiras: Vendeu o carro e fez um empréstimo bancário. Depois de um ano, Armando tinha se restabelecido financeiramente e então passou a comprar os móveis, pouco a pouco, guardando na casa de seus pais. Enquanto isso, enquanto Armando estava se planejando, Wanda cobrava insistentemente a data do casamento, até que Armando concordou em marcar para dali a seis meses. Armando sabia o que dizia e o que queria, pois tudo em sua vida sempre foi planejado e convenceu Wanda com a data escolhida, pois ela também teria seus compromissos como, por exemplo, fazer o vestido de noiva, montar o enxoval etc. O tempo passou e chegou a tão sonhada data do casamento. Casaram-se no civil e depois de uma semana, na igreja. O apartamento ficou montado e mobiliado. A lua de mel foi de apenas uma semana, mas valeu a pena. O casal estava feliz e apaixonado. Após o casamento, Armando continuou como o último romântico: Sempre trazia flores para Wanda, enchia-a de mimos e carinhos. Logo que se casaram, Wanda perdeu o emprego. Armando segurou a barra por um bom tempo e depois ele mesmo conseguiu arrumar um emprego para Wanda. Wanda, com vinte e dois anos, ainda pensava como uma menina. Teve uma infância difícil morando no interior. Seus pais não lhe deram a liberdade para aproveitar a infância e adolescência, pois todos na família tiveram que começar cedo no trabalho para subsistirem. No novo emprego, Wanda convivia com pessoas de sua idade e também de idade inferior, numa cidade grande, cheia de atrativos, baladas, festas... Até que se perdeu. Armando, diferentemente de Wanda, pensava num futuro prospero: Foi promovido a cargo de diretor na empresa, quitou seu apartamento e comprou outro imóvel. Vivia muito bem e o intuito de fazer com que Wanda trabalhasse foi para que ela também tivesse objetivos na vida, o que não aconteceu. Wanda se perdeu. Transformou-se numa pessoa da qual Armando não reconheceria mais. Com isso vieram as brigas. Armando reconsiderou muita coisa, fez vistas grossas para outras... Tudo porque amava demais. Mas quando acabou a cumplicidade, também acabou o respeito, e isso foi grave demais. Certa vez Armando chegou em casa estafado, vindo do trabalho e encontrou algumas pessoas em sua casa, amigos de Wanda. Armando nunca tinha visto aquelas pessoas e nunca Wanda comentou a respeito delas. Armando se recolheu no quarto enquanto Wanda e os amigos ficaram na sala, ouvindo músicas e conversando em voz alta. Depois de um tempo, Armando recebeu uma ligação anônima. Alguém lhe dizia para tomar cuidado, pois existiam pessoas que incultaram na cabeça de Wanda que Armando era um empecilho em sua vida. Armando não deu importância, mas a partir dali passou a planejar... O amor que tinha por Wanda não era mais o mesmo e a separação seria inevitável. Wanda passou a sair de casa e voltar dois, três dias depois. Dizia que estava na casa dos pais, que tinha saudades, mas Armando descobriu a mentira. Foi então que a separação foi consumada. Armando deixou o apartamento para Wanda e foi morar na casa que tinha comprado. Wanda fez questão de homologar o divórcio na justiça e assim foi feito. Foi muito difícil para Armando esquecer seu grande amor, mas as atitudes tempestivas de Wanda assim o fizeram. Armando continuou trabalhando na mesma empresa enquanto Wanda empregou todo dinheiro que tinha numa sociedade, tendo como sócios os mesmos “amigos” que um dia disseram que Armando era um empecilho na vida dela. O tempo passou. Armando parecia ter superado todo o acontecimento e não teve mais notícias de Wanda. O único sabor que Armando tirou de tudo que aconteceu foi que o casal não teve filhos e todo desamor ficou apenas com ele. Mas a vida dá voltas e existem vários provérbios e ditados que dizem isso é devemos estar sempre preparados para poder decidir nossas atitudes no momento exato em que estamos diante de uma causa, uma consequência: Naquela tarde, Armando estava descansando na varanda de sua casa. Estava pensando sobre as escolhas e as decisões que havia tomado em sua vida até então. Difícil é encontrar um final feliz, pois a felicidade quando é plena e verdadeira, advém de uma dor. Armando não estava esperando por ninguém em sua casa é quando o interfone tocou, achou que foi por engano, mas a outra voz, do outro lado da linha, queria muito falar com ele. - Eu Preciso falar com você. Pode me atender? Eu bem sabia de quem era a voz do outro lado da linha, mas não queria acreditar. Logo pensei em discussões, novas brigas, ofensas... Fazia quase dois anos que eu não a via. Estava bem mais magra, com olheiras profundas e cor pálida: Estava acabada. Pensei que de certo vinha conversar sobre algo que ainda tínhamos em comum, mas poderia ter me telefonado. Aí é que vem a retórica, a oportunidade de dizer a coisa certa. Também vem a vingança, oportunidade de regressar, de reverter o prejuízo da última briga, mas Armando era capaz de amar o mais ferrenho inimigo, pois aprendeu com a vida e talvez seja por isso que sofria com isso. De certo que Armando não disse que tinha prazer em revê-la, porém, ouviu pacientemente a sua queixa. Realmente Wanda estava precisando de ajuda e se procurou Armando, foi porque teve várias portas fechadas e aqueles que se diziam seus amigos e foram contra Armando, a deixaram na mão, botaram-na na rua, cheia de dívidas, sozinha na contra mão da vida. - Sua situação é muito delicada. Fazia tempo que não nos olhávamos. Pude ver a mulher que conheci sem os vícios mundanos, sem o orgulho de quem não conquistou nada e vivia pisando nas pessoas, com atitudes infantis. Longe de Armando ser o filho preferido de Deus, pois também tinha seus pecados e uma hora iria receber seu perdão. A vida inteira teve o coração mole e diante dele existia uma pessoa pedindo ajuda, uma pessoa por quem um dia foi perdidamente apaixonado. É claro que Armando não negou ajuda a Wanda e nem virou às costas. Não bateu a porta à sua frente e nem lhe devolveu as rosas sem cheiro que um dia colheu no jardim. Foi difícil a resolução do problema que Wanda veio se queixar e pedir ajuda de Armando. Dispôs-se a ajudar sem piedade, sem desejar nada em troca... Ajudou porque o seu espírito sempre foi fraterno, bondoso, misericordioso e caridoso. Depois, Armando nunca mais viu Wanda. Não se importou de não ouvir pelo menos obrigado na despedida. Ficou a refletir novamente sobre as escolhas que fez em sua vida, mas não se arrependeu, pois enquanto Wanda foi o amor que sempre sonhou, Armando teve como saber o que foi ser feliz. “Se pudesse, voltaria no tempo para corrigir um só momento de minha vida: Quando amei demais. Amar demais pode ter sido minha maior doença. Mata-nos aos poucos, pelas beiradas da alma, pelos cantos da razão, no meio do coração - Como um tiro no peito: Infarto agudo da alma. Se tivesse sido um super herói, teria dado várias voltas ao redor da terra... Não para ressuscitar o passado, nem para salvar a mulher que tanto amei... Mas para trazer de volta as cores que deixaram de habitar os meus jardins, de matos cinza, terras negras, [rastros sem saída]... De plantas murchas e rosas sem cheiro.”
TRECHO DO LIVRO

02 novembro 2016

O SEMEADOR, AS SEMENTES E A TERRA

José e Maria estavam casados fazia sessenta anos. Não houve festa para comemorarem tamanho tempo de união e cumplicidade, pois os filhos e netos estavam distantes, alguns espalhados pelo mundo, que havia muito tempo que não se comunicavam com os pais. José e Maria não se preocupavam com isso. Religiosos, acreditavam que cumpriram suas missões com os filhos, bem criados, educados, todos formados, bem de vida e que apesar de esquecerem-se dos pais, isso não lhes parecia uma desilusão. José e Maria se conheceram quando tinham quinze anos e logo se apaixonaram. Naquela época era normal se casarem antes dos vinte anos, mas José e Maria esperaram completarem vinte anos e se casaram. Os filhos vieram numa sequência de um ano cada até chegar ao sexto. Quatro homens e duas mulheres. Planejaram o sétimo antes de fechar a fábrica, mas Maria teve um aborto espontâneo e perderam a criança. José e Maria sempre estiveram juntos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e o amor nunca se ausentou de suas vidas. José dizia que não suportaria viver sem Maria o confortava que um dia iriam morrer e um iria morrer antes do outro, mas que se encontrariam e viveriam felizes por toda a eternidade. José sempre falava em morte, o que não contentava Maria, que dizia a ele que a morte não existia e sim a vida plena, após encerrarem o ciclo desta vida. Maria dizia a Jose que o que chamavam de morte, na verdade era a vida eterna, onde não existiriam mais as dores e somente o amor imperaria. Todas as noites antes de dormir, José se despedia de Maria com um beijo, como se fosse o último, como se fosse a última vez que daria um beijo em sua eterna amada e dizia que sentia muito medo de fechar os olhos e não abri-los mais, mão ver o sol nascer na manhã seguinte. Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: Foi meu verdadeiro amor, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus! Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, o amor que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas? Então ore para que nós vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amar só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu. Ser seu marido... Já é um pedaço dele... Numa noite de inverno, antes de dormir, José estava impaciente. Tomou um chá bem quente, colocou a velha meia furada, mas que ainda esquentava seus pés e se deitou antes de Maria. Durante a noite José não se levantou nenhuma vez, não roncou, não pediu para Maria ir pegar água na cozinha e nem reclamou que a luz do abajur ficara acesa. Maria estranhou tudo aquilo, mas estava cansada e dormiu. Quando despertou estava amanhecendo o dia e como sempre se levantou para preparar o café para seu marido. Maria fazia questão, pois José se animava ao sentir o aroma do café espalhando pela casa. Porém, José continuou quieto e sem se mexer na cama. Estava muito frio, José estava bem enrolado nos cobertores e Maria não quis acordá-lo antes de preparar o café. - Querido! Acorda! O café já está pronto e suas torradas também! Venha meu amor! Levante! Maria cuidava de tudo com muito carinho e amor e ficava muito feliz ao ver o sorriso estampado no rosto do amado marido quando se sentava à mesa todas as manhãs para tomar o café. Mas algo estava errado. José não respondia aos pedidos carinhosos de sua esposa e então Maria resolveu chamá-lo se perto. Sento-se ao lado na cabeceira da cama, acariciou os cabelos brancos do marido e sussurrou em seu ouvido: - Acorda meu amor! José novamente não respondeu e Maria então o acariciando, colocou a mão em sua face e percebeu que José estava gelado. Também, estava muito frio - Pensou Maria. Os lábios de José estavam rachados e o corpo muito enrijecido, quando Maria segurou firme em seu pulso e colocou o ouvido no coração de José: José estava morto. - Meu Deus! Exclamou Maria. - Querido! Fale comigo! O café está à mesa e eu fiz tudo como você gosta! Não me deixe, por favor! Você me prometeu! Não me deixe! Maria ameaçou entrar em desespero, mas respirou fundo e pensou em tudo que passaram juntos durantes sessenta anos de cumplicidade, amor, tristezas e alegrias e resolveu não chorar. É claro que algumas lágrimas escorreram, afinal é difícil aceitar a perda, a ausência e os sintomas da saudade. Quando o resgate chegou para levar o corpo de José para o Instituto Médico Legal, alguns amigos ficaram para consolar Maria. Dos filhos, dois não puderam comparecer ao velório, pois estavam fora país, num local muito distante. Durante o velório Maria procurou não demonstrar tristeza. Dizia aos mais íntimos que a vida com José tinha sido muito mais de alegrias do que tristezas e que o amado marido não gostaria de vê-la triste, emburrada pelos cantos, sofrendo e depressiva. José dizia em vida que caso morresse antes da esposa querida, queria que ela lembrasse apenas das recordações em que foram felizes e que ela podia chorar um pouquinho por sua ausência e saudade... Só um pouquinho. Depois do sepultamento, Maria nem teve o privilégio de ser amparada pelos filhos presentes. Talvez as sementes não fossem bem cultivadas por eles, tornando-os frios, ausentes, que nem mesmo tiveram a iniciativa de amparar a mãe em uma de suas residências. Maria não se desesperou pela falta de carinho dos filhos e tomou uma decisão que abalou aos amigos mais íntimos: - Vou viver num asilo! Ao deixar a casa em que viveu por mais de quarenta anos ao lado do marido falecido, Maria não estava desanimada. Estava contente e animada, pois tinha muitos planos que poria em prática no asilo. Enquanto tudo estava sendo preparado para a mudança, Maria ainda teve o desprazer de ver os filhos brigando pela posse da casa, mas preferiu seguir sua vida, seus desejos e por que não dizer seus sonhos, apesar dos oitenta e sete anos de idade. Maria em sua nova jornada pensou em adubar mais a terra onde as suas sementes seriam lançadas, para não ter que ser perdoada pelo semeador por não cuidar bem da terra. - Às vezes, mesmo tendo as melhores sementes, cuidando para não crescerem entre as pedras e os espinhos, os frutos podem se desvirtuarem se a terra não for bem cuidada ou se infestarem das pragas que estão sempre prontas a querer nos infestar. Quando chegou ao asilo, Maria encontrou um ambiente sombrio. As pessoas passavam a maior parte do tempo deitadas ou sentadas, assistindo televisão. Para quem pensava que Maria fosse se “esconder” dentro do asilo, ser esquecida, ficar sentada o dia inteiro numa poltrona, com a boca escancarada, sem dentes e esperando a morte chegar, muito se enganaram: Maria levou consigo livros, revistas, discos, e distribuiu para todos no asilo. Para os quais não tinham condições de ler, ela mesmo lia, para os deficientes visuais, ela contemplava a natureza, as cores e a vida com suas poesias, suas histórias de vida voltada para a alegria e contentamento. Montou uma equipe de velhinhos que construíram um jardim e plantaram flores e plantas coloridas, montou um grupo de oração. Estava a todo o momento sorrindo, elevando o astral daqueles que estavam deprimidos e quando choravam era por tanta alegria. Depois de dez anos no asilo, Maria morreu. Neste tempo todo deu para contar na palma das duas mãos quantas vezes recebeu a visita de algum dos filhos. Mesmo assim, Maria não morreu triste. Morreu sorrindo como fora seu marido José, morreu dormindo, também como seu marido e o sorriso estampado em seu rosto como ultima fotografia na face da terra, provou que iria casar de novo, reencontrar o seu grande amor José e viverem felizes para toda a eternidade. - Talvez o que chamamos de morte nada mais pode ser do que a nossa melhor vida, a vida eterna!
TRECHO DO LIVRO...

PECADOS - VOLUME II

Dona Maria Isabel sempre foi uma senhora muito bem quista naquele bairro. De uma humildade ímpar, ajudava a todos, dentro de suas possibilidades. Além disso, era sempre chamada pelo padre da paróquia do bairro para ajudar a arrecadar prendas e organizar as festas promovidas pela igreja, com o intuito de angariar fundos para ajudar famílias carentes. Viúva, tinha dois filhos: Eduardo e Monica. Monica foi embora cedo de casa. Aos dezoito anos, encontrou o amor de sua vida, homem vinte e sete anos mais velho, milionário, que a levou para morar em outro país. Eduardo sempre foi um boa vida que ficava pulando de galho em galho e cuidando da vida dos outros. Não ajudava a mãe em nada, e ainda atrapalhava. Fofoqueiro, vivia deixando contas penduradas no bar onde bebia sua cervejinha todo final de tarde, mesmo tendo dinheiro para pagar seu consumo. Para ele, todo mundo estava errado e ele sempre certo. Adepto da "Lei de Gerson", se considerava o cara mais esperto do mundo. Casado com Vera, Eduardo tinha um casal de filhos: Tiago de cinco anos e Débora de três, a quem não dava à mínima, não se preocupava em passear com as crianças para não gastar dinheiro. Era Dona Maria Isabel quem comprava roupas para as crianças e a renda com que Vera recebia, gastava com as despesas da casa. Eduardo dizia a Vera que sua renda era para ser guardada e garantir o futuro da família, mas na verdade, Eduardo fazia de tudo para aumentar sua renda, agindo, inclusive, como agiota na empresa onde trabalhava e com os amigos do bairro. Eduardo trabalhava na administração de uma grande loja de produtos de informática e na hierarquia do escritório era o nível quatro. Respeitador da hierarquia, porém ambicioso, distinguia as pessoas por suas posses. Exemplo: Se um colega tinha o carro mais novo e melhor do que o dele, ele respeitava, porém ambicionava e fazia de tudo para conseguir ter o carro melhor, nem que fosse igual ao do seu oponente. Se o colega tinha faculdade e ele não, respeitava, se colocava abaixo, mas ambicionava ter o melhor conhecimento para poder "ganhar" na discussão sobre os assuntos inerentes à sua atividade profissional, respaldado pelo melhor conhecimento e experiência. Nas reuniões com os colegas e quando participava dos happy hours, não tirava do bolso nenhum tostão para dividir as despesas. Não pagava nem o cafezinho para os amigos. Vivia sempre na cola de alguém. Na convivência do trabalho, conheceu Sílvia, bem mais nova do que ele, que se apaixonou. Coitada. Eduardo pensou - Sílvia poderia lhe dar algo que sua esposa Vera não podia mais: Juventude na cama, presença, e dinheiro. Sílvia era uma gostosona e na cabeça de Eduardo o que se passava é que em todo lugar que fosse ele seria aclamado por ser um “homem de sorte”, por estar ao lado de uma bela mulher. Sílvia trabalhava por "esporte", para não ficar à toa, pois não gostava de estudar. Seu pai era um rico empresário e com todos os "atributos" que Sílvia pode lhe proporcionar, inclusive o dinheiro, Eduardo abandonou Vera e os dois filhos, como se tivesse tomado à decisão de trocar uma camisa e foi viver com Sílvia, a gostosona rica, tudo pela ganância, pois não a amava. E quando Sílvia ficou perdidamente apaixonada por Eduardo, ele, na faculdade, conheceu Cecília, mais rica e inteligente, e abandonou Sílvia, porque Cecília podia ajudá-lo e muito nos estudos e era mais gostosa que Sílvia. Os amigos ficavam impressionados, tentando entender, pois afinal Eduardo não era nenhum príncipe encantado: Feio, mal vestido, gago... Os amigos não entendiam como ele conseguia conquistar tantas mulheres bonitas e ricas. Não dava para entender. Eduardo tinha um grande amigo de infância, proprietário de uma grande revenda de automóveis e com isso, Eduardo, sempre na cola do amigo para tentar levar alguma vantagem, trocava seus carros para poder ficar melhor na fita que seus "concorrentes". Pagava a primeira prestação do financiamento e depois não pagava mais, até que o amigo tomava-lhe o carro, assumia a dívida, mas facilitava a compra de outro carro, às vezes até melhor que o anterior. - Afinal, amigo é pra essas coisas! Dizia Eduardo, o sovina. Depois de um tempo, Eduardo se formou e subiu um degrau no cargo profissional. Não ficou contente. Ambicioso, queria ficar no mesmo nível do chefe. Entretanto, para conquistar o que ambicionava, não media as consequências e se fosse preciso passava por cima de quem estivesse à sua frente. Como não conseguiu conquistar o lugar do chefe, resolveu ir embora, trabalhar como chefe numa outra empresa. Enquanto isso Cecília lhe propunha casamento a todo o momento. Cecília estava perdidamente apaixonada por Eduardo (vai entender), o Don Juan sovina que estava interessado “apenas” no dinheiro dela. Enquanto Cecília ficou prestes a cometer uma “loucura” para não perder seu príncipe encantado, sovina, Eduardo estava envolvido com a dona da nova empresa, Josefa, trinta anos mais velha, que estava viúva pela quinta vez. Pela primeira vez na vida o dinheiro não ficou à frente dos desejos de Eduardo. Apesar de muito rica, no conceito de Eduardo Josefa estava “acabada”, e com certeza ele não passearia no shopping de mãos dadas com ela: - Já pensou se algum amigo nos vir? Eduardo, que relutou, relutou... Queria uma menininha rica, gostosa, para marcar presença e fazer inveja aos amigos. Josefa, bem mais velha e feia (na opinião do sovina), poderia sacramentar a ambição de Eduardo que era a de ter muito dinheiro à sua disposição. Eduardo pagava pensão para Vera e vivia numa briga infernal com Sílvia e Cecília que não se conformavam em perder o Don Juan. Eduardo escolheu Josefa. Escolheu o dinheiro e a vida fácil, enquanto Josefa passou a se sentir a verdadeira rainha. As outras mulheres passaram a odiar o sovina, que nunca se importou. Porém, a vida dá voltas e sempre o melhor juízo é o de não cuspir no prato que comeu, como diz o ditado. Eduardo chegou até ser detido por não pagar a pensão de seus filhos, por quem nem ligava e nem queria saber como estavam. Eduardo não pagava a pensão porque sabia que Vera, orgulhosa, não iria cobrá-lo, mas se enganou e foi em cana. Ficou algumas horas na delegacia até pagar os atrasados e ser liberado. Passou-se um tempo e Josefa acabou por conhecer a verdadeira face do sovina. Mulher experiente, madura, vivida, já tinha enterrado cinco maridos e não se deixou envolver-se apenas pela paixão avassaladora que teve pelo Don Juan (vai entender) e acabou por dar um ponta pé na bunda do sovina. - Sinceramente não sei explicar porque tantas mulheres caem na lábia desse tal Eduardo. Dizia um colega de trabalho. O tempo passou e Eduardo acabou por montar uma empresa particular. Apesar de tudo, era um profissional competente e quando se casou com Soraia, sua gerente, achou que finalmente tinha encontrado o seu verdadeiro amor (vai entender). Soraia era mais jovem do que ele, mas sabia o que queria da vida. Eduardo deixava todos os afazeres da empresa em suas mãos e saía com várias mulheres, traindo Soraia que fingia que não sabia de nada. Eduardo se achava o cara mais esperto do mundo e nem imaginou que Soraia poderia arquitetar aquele plano para pegá-lo em flagrante. Por fim, Soraia o pegou em adultério, arrancou todo dinheiro possível e ainda ficou com a empresa, já que os clientes nem sabiam que Eduardo existia. Eduardo, o sovina, voltou a morar na casa da mãe. Foi detido várias vezes por não pagar pensão alimentícia e sempre foi Dona Maria Isabel quem tinha que correr e pagar os atrasados para libertar o filho querido. Ela tratou bem das sementes, mas os frutos foram contaminados pela ganância. Eduardo continuou cuidando da vida dos outros, querendo ser o melhor e o mais esperto que todos e procurando levar vantagem em tudo. Numa tarde de sábado, bebendo cerveja numa mesa de bar, Eduardo conheceu Teresa... Foi amor à primeira vista e ...
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07 setembro 2016

O SILÊNCIO DA PENHA

Maria conheceu João na melhor época da sua vida. Ela tinha quinze anos e ele, vinte e cinco. Quando o assunto é amor, não há regra. Casais com grande diferença de idade são mais comuns, contudo a questão sugere tabu para muitas pessoas, principalmente se a diferença ultrapassa os dez anos. A sociedade está muito mais aberta a aceitar que a idade não é impedimento para o amor, mas é preciso compreender o que a diferença pode significar na vida a dois. Amadurecimento deve ser a palavra de ordem em um relacionamento desse tipo. Quando um casal é maduro, independente da idade, a convivência tende a ser harmônica e as possíveis dificuldades em relação à diferença não serão valorizadas pelo casal. Comentários muito preconceituosos são menos frequentes mais existem e, em alguns casos, eles vêm da própria família. Não dá para controlar a opinião das pessoas, e por isso o casal deve ter paciência para que o tempo dê um jeito de mostrar para a família que os dois se amam e que é isso que realmente importa. Quando existem valores essenciais, como o amor, a sinceridade, a amizade e o desejo, a relação se fortalece independente do preconceito. Quando isto existe a diferença de idade não atrapalha e o casal lida com ela de forma simples e natural. Essa questão pesa quando não há equilíbrio na relação. No começo do relacionamento de João e Maria o que predominava eram as juras de amor. Maria estava apaixonada e não se cansava em se declarar para João. - Você sabe que te amo. Sabe que sou completamente apaixonada por ti, por cada um dos detalhes físicos e de caráter que fazem de ti um ser único e especial. Mas há algo em ti que me deixa completamente encantada: é a sua boca maravilhosa, capaz dos sorrisos mais luminosos, dos beijos mais calorosos e das palavras mais carinhosas. É da tua boca que sempre me chega o conforto, seja através dos teus especialíssimos toques, seja através das palavras doces que só ela é capaz de dizer... Como é possível tão forte beleza repousar sobre lábios tão gostosos? E quer saber mais, quando tua boca se abre em um sorriso, o mundo fica mais claro e a minha alma enche de luz, pois você sorrindo é lindo, meu eterno Amor. A tua boca me fascina e as palavras, sempre as boas palavras, que você diz através dessa boca linda, me cativa definitivamente, faz com que eu viaje por um mundo de paz e amor. Ver o teu sorriso e ouvir a tua voz são coisas que me faz muito feliz. E quando essa boca se cala em beijos que calam fundo no meu corpo? Nem imagina as sensações maravilhosas que os teus beijos, os beijos dessa boca encantadora me proporcionam. Amo-te João, amo-te inteirinho, mas fico completamente alucinada quando olho para tua boca, quando me aproximo da tua boca, quando toco a tua boca com a minha boca. Maria não se completava sem João. Um amor astronômico. João também amava Maria, mas era um amor mais frio. Maria representava um troféu para João, a menina virgem apaixonada com um rostinho meigo e afeição como se fosse uma obra de arte, às vezes de sinais abstratos, às vezes intrínsecos.
TRECHO DO LIVRO...

03 setembro 2016

ALGUMAS CRÔNICAS - VOL. II

Miguel, um adolescente que ficava fazendo malabarismo no cruzamento de duas importantes avenidas da cidade. Usava latas de leite e laranjas e ganhava uns trocados para que pudesse almoçar e jantar, matar sua fome, pois não tinha casa, vivia na rua depois que o pai morreu assassinado e a mãe ele nem sabia dizer, mas que estava perdida no mundo das drogas. Quando chegava o inverno, o menino se refugiava nos abrigos para não morrer de frio na rua. Miguel era um rapaz de fisionomia triste e além disso enfrentava o preconceito de ser um morador de rua, mas acreditou que sua vida poderia melhorar quando aquele circo se instalou perto das avenidas onde ele ficava. Miguel acompanhou toda a montagem do circo: Da armação até lançarem a lona e um painel luminoso com o nome do circo. Ficou assustado quando viu os animais, sendo alguns só ter visto na televisão. Quando tudo ficou pronto, Miguel se imaginou trabalhando no circo, fazendo seus malabarismos e entretendo o público!    - Respeitável público! Com vocês o malabarista Miguel!
    Miguel chegou a sonhar com isso, a ser anunciado para um espetáculo circense, onde pudesse mostrar o seu trabalho. Naquela tarde de feriado, Miguel não havia conseguido os trocados necessários se alimentar. Resolveu que iria pedir a alguém que pudesse ajudá-lo a matar sua fome. À sua frente um enorme painel com letreiros luminosos chamando o público para o espetáculo circense da sessão das oito. Com os poucos trocados que havia conseguido, não dava para comprar o ingresso. O público começou a chegar para o espetáculo e as arquibancadas do circo começaram a lotar. Miguel ficou próximo à bilheteria com alguns trocados na mão, imaginado como conseguiria comprar seu ticket. Inesperadamente, surgiu ao seu lado uma linda garota. Miguel ficou sem jeito. Pensou que mais uma vez seria discriminado e abaixou a cabeça:
    - Por que ages assim meu rapaz?
    Miguel não respondeu. Ficou envergonhado.
    - Queres assistir ao espetáculo?
    Miguel respondeu que sim e ameaçou um sorriso.
    - Venha como!
    A garota pegou na mão de Miguel e juntos passaram pela bilheteria e entraram sem pagar. A garota, de nome Serena, era trabalhava no circo como trapezista e naquela noite não participaria do espetáculo, pois estava se curando de uma lesão na perna. Serena ficou ao lado de Miguel durante todo o tempo do espetáculo. Comeram cachorro quente juntos, se divertiram com o espetáculo é no final, mesmo gaguejando, Miguel agradeceu timidamente, até escorrer uma lágrima dos olhos ainda vibrantes pelo espetáculo que acabara de ter assistido.
    - Qual o seu sonho? Perguntou Serena a Miguel.
    - Eu sou malabarista. Moro na rua, fico fazendo meus números no cruzamento e ganho alguns trocados para sobreviver.
Serena se sensibilizou com a sinceridade de Miguel e pediu que no dia seguinte ele viesse bem cedo ao circo, pois tentaria encaixa-lo num número de malabarista! Miguel agradeceu mais uma vez a Serena e saiu correndo, pulando de alegria pela oportunidade de trabalho que poderia surgir em sua vida. Naquela noite nem dormiu. Tentou uma vaga do abrigo, pois estava frio. Como não conseguiu, ficou vagando pelas ruas, treinando com seus malabares para que ao amanhecer pudesse voltar ao circo preparado para demonstrar suas habilidades. E quando a manhã chegou, Serena o esperava no circo. Miguel estava faminto e Serena percebeu. Antes da entrevista com o gerente, Serena serviu-lhe leite com café e pão com manteiga. Emprestou-lhe um agasalho e assim Miguel se deparou com o gerente:
    - O que você sabe fazer meu rapaz?
    - Eu faço malabarismo!
    Miguel demonstrou suas habilidades para convencer o gerente a contratá-lo. Enquanto fazia sua demonstração, via Serena em cima do trapézio, ensaiando seu número para o espetáculo da noite, quando foi surpreendido com um pedido do gerente: - Meu rapaz, vejo que você tem boas habilidades, mas queria lhe fazer uma contra proposta: Você aceitaria ensaiar um número para participar do espetáculo como palhaço?
    Miguel não pensou duas vezes. Miguel nunca tinha trabalhado como palhaço, mas não importava. O que ele precisava era de uma chance, nem que fosse para colocar a cabeça dentro da boca do leão.
    Serena viu de longe a felicidade de Miguel:
    - Quando você pode começar a ensaiar?
    Miguel respondeu que podia começar imediatamente e assim foi feito. Por ironia do destino, existia outros dois palhaços no circo, mas não faziam as pessoas rirem e Miguel percebeu que teria que ser criativo, mostrar algo novo e principalmente fazer as pessoas rirem.
    E chegou o grande dia!
    - Respeitável público!  Com vocês o palhaço carequinha!
    Miguel entrou em cena. Logo de início tropeçou e caiu fazendo o público rir, ainda mais com a ilustração de uma explosão de bomba e suas calças caindo, mostrando a ceroula de bolinhas. Fazia uma voz característica de criança, imitava animais e fazia brincadeiras com a plateia. O público morreu de rir, principalmente as crianças que tinham medo dos outros palhaços. Em cada olhar que Miguel via na plateia, lembrava-se daqueles que o questionavam na vida e foi como se Miguel estivesse dando uma resposta: Eu sou capaz! O espetáculo foi um sucesso! Miguel começou a trabalhar efetivamente no circo: Tinha um lugar para morar, um quarto para dormir, refeição quando quisesse e ainda tinha um salário. Viajou o mundo com o circo, casou-se com Serena e viveram felizes para sempre! - Às vezes, o que precisamos na vida é só uma oportunidade, mesmo que essa oportunidade seja completamente diferente daquilo que você está acostumado a fazer. Temos que ser sempre criativos! A vida é criativa! "Ainda que eu andasse só e desencorajado da minha vida em descompasso, não pagarei de Palhaço, mesmo caído no chão. Fugiu de mim toda alegria, sobraram tristezas, mágoas – Agonia. Não vou ficar na tua mira – Bala de Canhão. Estive sorrindo de desgosto, veja as marcas do meu rosto, pintadas de solidão. E quando a minha mágoa passar [vai passar],  mudarei o meu semblante e nada mais será como antes. Vida de desgosto, eu te mandarei um terno abraço, agora sim - Eu sou Palhaço! Eu voltei a sorrir.”
TRECHO DO LIVRO

29 agosto 2016

LIVRO - O QUE É O AMOR?

RAIN

    Da janela do meu quarto conseguia avistar a rua e a varanda da casa de Olivia. Sempre me arrumava com antecedência, vestia o uniforme para ir à escola e ficava esperando o momento certo de sair de casa para poder dar de cara com Olivia. Olivia Rain era muito orgulhosa. Sabia quem eu era, estudávamos na mesma classe, os nossos pais se conheciam e se davam bem, mas era difícil conseguir tirar um sorriso ou um boa tarde de Olivia.  Talvez porque seu pai não gostava que a gente jogava futebol na rua, em frente sua casa, e que às vezes tinham a desagradável surpresa de ver nossa bola de futebol cair em seu jardim. Quando eu chegava na rua, Olivia saía de casa e eu a acompanhava - ela de um lado e eu de outro. Ela sabia que eu estava ali, praticamente seguindo-a, como se eu fosse seu guarda costa. No meio do caminho encontrávamos outros amigos e conhecidos, uniformizados, que também caminhavam em direção ao colégio e daí, me perdia de Olivia e só íamos nos encontrar dentro da sala de aula. A Sra. Rain dizia a minha mãe que era para eu ficar de olho em Olivia, principalmente na volta do colégio, quando as ruas ficavam na penumbra. Eu obedecia, mas, apesar de tentar puxar conversa, para Olivia era como se eu não existisse. Olivia sempre foi linda! Sem uniforme, quando soltava os cabelos e vestia a calça rancheira apertada, deslumbrava e causava furor. Por ser filha única, sempre foi mimada pelos pais, Sr. e Sra. Rain. Melhor aluna da classe, tinha o apelido de nariz empinado, pois escolhia a dedo os amigos e não sentava no fundão da sala de aula. Mas, às vezes julgamos as pessoas sem conhecê-las direito e quando realmente conhecemos temos uma surpresa e foi essa surpresa que eu procurava encontrar em Olivia. Uma surpresa agradável! O inverno chegou e a chuva também. Teríamos aulas de reposição. Tínhamos que ir ao colégio todos os dias e praticamente não tivemos férias. Certo dia amanheceu chuvoso e frio, justamente no dia do exame de matemática. Naquele dia foi difícil pular da cama - avancei a madrugada estudando, pois precisa tirar uma boa nota no exame. Me atrasei ao me arrumar, olhei pela janela e não vi Olivia e pensei que talvez alguém havia levado-a ao colégio devido a chuva.
    - Tchau mãe!
    - Tchau filho!  Pegou o guarda chuva?
    - Sim, peguei o guarda chuva do papai!
    O guarda chuva do meu pai era bem grande e debaixo dele nunca iria me molhar. Tinha que chegar logo no colégio, pois o Seu Alcides, professor de matemática, não tolerava atrasos. Subi as escadas em direção à rua e me deparei com uma chuva forte. Abri o guarda chuva e para minha surpresa, avistei Olivia na varanda de sua casa, parada, olhando para o céu, esperando a chuva passar para poder sair. Percebi que estava aflita, pois não poderíamos chegar atrasados. Percebi que minha chance havia chegado. Olivia não tinha outra opção, somente a proteção do meu guarda chuva.
    - Vamos Olivia, senão chegaremos atrasados para o exame de matemática!
    Olivia saiu correndo da varanda, desceu as escadas em direção à rua e fiquei esperando ela chegar, como uma princesa que vem aos braços de seu príncipe encantado. Caminhamos em direção ao colégio quando a chuva apertou novamente.
    Apesar do guarda chuva gigante, a chuva molhava meu ombro, quando Olivia me disse:
    - Me abraça senão você vai se molhar!
Me senti nas nuvens abraçando Olivia, sentir seu corpo colado ao meu e seu perfume tinha o cheio das rosas do jardim da Sra. Rain. Fiquei tão emocionado de abraçar Olivia que nem sabia o que dizer. Ela sorria com a situação é aquilo foi bom, melhor ainda quando ela me chamou pelo nome e disse:
    - Não sei o que seria de mim se não fosse você.
Ela me agradecia muito, enquanto apertava meu corpo e eu concluía que ela não era tão orgulhosa.
    Olivia era um amor de garota! Chegamos ao colégio faltando poucos minutos para começar o exame. Sentamos um ao lado do outro. Tirei um lenço branco que minha mãe sempre colocava no bolso de trás da minha calça de uniforme e dei para Olivia se secar dos respingos da chuva.
    - Ela sorriu pra mim novamente e eu até deixei de lado o nervosismo que sempre tinha quando fazia o exame de matemática.
    Parecia um sonho! Um sonho real por assim dizer, mas eu tinha que me ater ao pesadelo do exame de matemática, que estava muito difícil e eu precisava tirar uma boa nota.
    Depois de uma hora, vi quando Olivia se levantou. Ela havia terminado o exame. Eu continuei quebrando a cabeça para resolver os exercícios de matemática.  Olhei para o céu pela janela da sala de aula e vi que ainda estava chovendo e o dia escurecendo. Naquele instante não poderia ficar pensando em Olivia e tratei de me concentrar no exame.
    - Faltam dez minutos!
O professor Alcides parecia um cientista maluco e sua voz sarcástica dizendo que o tempo do exame estava se esgotando serviu para todos se apressarem. O exame estava muito difícil, mas senti que poderia alcançar a nota que precisava. Eu tinha estudado muito e fiquei tranquilo.
    Ao sair do colégio, olhei para o céu e vi que a chuva caia ainda mais forte. - Onde estaria Olivia?
Talvez a Sra. Rain tenha vindo buscá-la ou teria ido de carona no guarda chuva de algum colega.
    Sai despreocupado e sozinho. Pulei algumas poças d´água que se acumulavam na rua, quando ouvi uma voz doce me chamando: - Posso ir com você?
    Era Olivia. Estava debaixo do toldo da papelaria que ficava próxima ao colégio: - Vamos Olivia!
    Novamente lá estava eu, abraçado à minha amada, sentindo seu corpo e seu cheiro, debaixo do guarda chuva que eu havia pegado emprestado do meu pai e que fazia com que pudesse proteger Olivia das águas da chuva que eu nunca imaginava que sentiria alegria por tanta enxurrada.
    - Eu não consigo pular!
    Existia uma grande poça d´água à nossa frente. Eu já estava com os pés todo molhado e meu sapato já tinha ido pro saco. Oliva nunca conseguiria pular aquela poça.
    Delicada, delicadíssima como uma pétala de rosa, Olivia não conseguiria pular. Pensei rapidamente numa solução, pois não poderíamos ficar ali parado, já era tarde e a chuva não cessava. Foi então que pedi para Olivia segurar o guarda chuva. Peguei-a no colo e passei por dentro da poça d´água, sem importar em me molhar, sem importar em perder o meu sapato... O importante foi que o meu amor estava no meu colo, doce como a suavidade de seu rosto colado junto ao meu e pelo brilho de seus olhos coloridos olhando aos meus.

    Transportamos a poça d´água, senti que não existiria mais nenhuma barreira entre os nossos corações e fomos premiados por um longo beijo que me fez sentir o gosto do mel da boca de Olivia, o grande amor da minha vida. E quando a chuva passou, as rosas do jardim da Sra. Rain brotaram novamente e emanadas pelos raios de sol, se confundiram com a beleza de Olivia, a rosa mais bela do meu jardim.
TRECHO DO LIVRO 

27 agosto 2016

LIVRO - AMÉM !



AMOR DE LUZ

    Quando o amor existe de verdade, existem ao menos dois corações e quando um dos corações para de bater, as lágrimas caem como se fossem correntezas sem fim e sem destino. Imagine só você estar hoje abraçado com quem ama, sentindo o calor do corpo e a sutileza da alma e amanhã, sem mais nem menos, o seu grande amor desaparece. Não falo apenas do amor sentimento, falo e digo sobre o amor caridade, bondade, amizade e felicidade.
     Disse a Deus que se você fosse embora eu iria te buscar seja onde fosse e não mediria esforços para te encontrar. Você se foi. Eu me desesperei. Senti vontade de ir embora para sempre, mas prometi a Deus que iria te encontrar e assim congelei meu coração, fiz as malas sem a minha felicidade e parti, sem rumo, mas sabia que se percorresse a escuridão, na hora certa, viria uma luz para iluminar meu caminho e te encontrar.
     Não é fácil vencer obstáculos, ainda mais quando não se tem amor para compensar a infelicidade da saudade, quando não se tem ninguém ao lado para ajudar quando a recaída chega, e chega impiedosamente que as lágrimas secam com a agonia e ao invés do corpo é a alma que se desconstrói, corrói, aniquila, até apagar da memória os momentos em que se podia sorrir, se podia amar sem se queixar, sem se preocupar que no dia seguinte tudo poderia se acabar. Valer a pena!
     Num dia tive um sonho terrível. Sonhei que as estrela, uma a uma, estavam se apagando. Neste sonho eu tinha a possibilidade de voar, mas estava sem rumo.
     - De que adianta ter asas, saber voar, se não consigo te encontrar para te levar, seja para algum lugar, onde podemos chegar?
     - Não posso seguir sozinho, preciso te encontrar, pois o meu coração não bate sem ter quem eu ame ao meu lado, sem poder beijar quem me faz falta.
     Perguntei a Deus se deveria esperar você chegar, Ele não respondeu... Rezei sem perder a fé até que tudo se apagou e desapareci.
     - Você tem que passar pelas pedras, pelos obstáculos que estarão em seu caminho!
     O caminho foi longo. Despedacei minhas asas e segui pela estrada somente com uma arma: A minha fé.
     - De que adianta eu saber voar se não existe um céu no meu olhar?
     Sabia que Deus nunca iria me abandonar, mas sentia que teria que ter a iniciativa, lutar sem me desesperar e foi então que encontrei o caminho, encontrei a estrada certa e segui sem olhar para trás.
     No inicio as pedras que estavam diante de mim eram pequenas, não me causavam dor e foi fácil transportá-las para o lado ruim, para nunca mais voltarem. Mas eu tinha que provar a Deus que a minha fé era mais forte e firme que a maior das pedras que pudesse encontrar.
     Eu sentia que existia uma luz dentro de mim e toda vez que orava a Deus ela brilhava e me indicava o caminho a percorrer. Mesmo em grandes distâncias ela iluminava o meu caminho.
     Entendi que mesmo quando a escuridão habitava em meu caminho, um farol se ergueria e a luz se faria em meu ser, como se fosse a sintonia maior entre eu e Deus, amor provido de proteção, fé, esperança e perseverança.
     Quando foi inevitável deixar de chorar, não consegui encontrar um antídoto para a saudade. Quando a saudade vem, o coração se comprime, bate descompassadamente e os obstáculos que encontramos no caminho são difíceis de transpor.
     - Se quiser desistir, você pode voltar de onde estiver. Você não será considerado um fraco ou desvalido, apenas não terá a oportunidade de saber até onde pode chegar seu amor.
     Prometi ao meu amor que só desistiria quando cessasse a minha vida e em minhas orações sempre pedi a Deus para não esgotar as minhas forças. Eu só sentiria vontade de morrer se fosse para te encontrar e de alguma maneira te abraçar e te beijar, como sempre em nossas vidas.
     - Deus, o meu amor está aflita para que eu chegue logo. Essa estrada nunca termina. Já venci muitos obstáculos, as pedras que me atingiram deixaram chagas em meu corpo, mas não feriram a minha alma.
     Estou em pé e preciso do meu amor. Deus meu, pai celestial, traga o meu amor de volta e faça a minha dor desaparecer!
     - Volte meu amor! Volte!
     A minha vida é como um rio e vou aproveita-la cada dia. Agora estou sozinho, sem rumo numa estrada sem fim, mas o tempo vai passar rápido demais e Deus vai trazer o meu amor de volta.
     - Oh meu Senhor! Meu Deus... Traga o meu amor de volta e a minha dor desaparecerá para sempre!
     Não espere mais Senhor, traga o meu amor de volta e faça a minha dor desaparecer... Meu amor, se eu pudesse fazer você voltar te diria uma só palavra: Eu te amo!
     Entre luzes que iluminam estradas e paisagens com cores de arco-íris, reviveremos todos os nossos sonhos e os momentos de ternura que a vida nos proporcionou e que ainda vai nos proporcionar para a eternidade. Não ficarei mais um só segundo sem abraçar você, sem segurar a sua mão quando você tiver medo, e vou te fazer dormir quando você estiver com medo dos trovões e das tempestades.
     Mar de risos e ouro dos céus: Ali viverei cada dia da minha vida! Quando o amor está longe, o tempo não faz planos e peço: Oh meu Senhor! Meu Deus! Traga o meu amor de volta e faça a minha dor desaparecer. Se pudesse te pedir o presente que quisesse, tenho certeza do que pediria e sei que isso ainda levaria um bom tempo para Deus me oferecer. Deus vai me oferecer! O meu presente, Deus ainda vai me oferecer.
    Entre estradas escuras e rastros sem saída, ainda tenho a luz e não vou ter medo da escuridão.
    - Quando a tempestade chegou, fechei os olhos para espantar o medo dos raios e trovoadas, mas lembrei-me que existia uma luz dentro de mim para conduzir os meus passos. Toda vez que oro a Deus, ela brilha, brilha, mais e mais... Mesmo quando há escuridão, Deus habitará na luz do meu ser e um farol se erguerá e a luz se fará dentro de mim...
    O farol vai me ajudar a te encontrar, e não há tão linda luz quanto poder ser salvo pelo Senhor meu Deus e não ter medo das chuvas, das tempestades, do rio de águas escusas, do mar de ondas gigantescas que invadem e inundam a estrada, pois estou muito perto de encontrar o meu amor.
    Se eu tiver que enfrentar as ondas ou correntezas sem ao menos ter como remar para fugir da bravura das águas, não vou desistir de te encontrar, não temerei mal nenhum e caso me afogue, Deus virá me buscar...
     Ele andará sobre as águas...
     Andará comigo sobre o mar.
     Amém!
TRECHO DO LIVRO