Deus é bom, sempre bom. Às vezes, porém, não conseguimos ver a bondade
de Deus nas circunstâncias da vida, mas, mesmo assim, Deus continua sendo
sempre bom.
“Havia
um súdito que dizia sempre para o rei que Deus é bom. Um dia saíram para caçar
e um animal feroz atacou o rei e ele perdeu o dedo mínimo. O súdito ainda lhe
disse: Deus é bom. O rei mandou prendê-lo. Noutra caçada o rei foi capturado
por índios antropófagos. Na hora do sacrifício o cacique percebeu que ele era
imperfeito, porque lhe faltava um dedo. O rei foi solto e chegou para o súdito
e disse-lhe: é verdade, Deus é bom. Mas por que então, eu lhe mandei para a
prisão? O súdito, respondeu: porque se estivesse contigo eu seria sacrificado. As tempestades da vida não anulam a bondade
de Deus. Não haveria o arco-íris sem a tempestade, nem o dom das lágrimas
sem a dor. Só conseguimos enxergar a majestade dos montes quando estamos no
vale. Só enxergamos o brilho das estrelas quando a noite está trevosa É das
profundezas da nossa angústia que nos erguemos para as maiores conquistas da
vida. Jesus passara todo o dia ensinando à beira-mar sobre o Reino de Deus. Ao
final da tarde, ele deu uma ordem para os discípulos para entrarem no barco e
passarem para a outra margem, para a região de Gadara, onde havia um homem
possesso. Enquanto atravessam o mar, Jesus cansado da faina, dormiu e uma
tempestade terrível os surpreendeu, enchendo dágua o barco. Os discípulos
apavorados clamaram a Jesus. Ele repreendeu o vento, o mar e os discípulos e
aqueles homens apavorados com a fúria dos ventos ficaram maravilhados diante do
seu milagre”.
Analisando este texto,
podemos sintetizá-lo em seis pontos básicos:
·
Uma noite a bordo;
·
Uma tempestade furiosa;
·
Um clamor desesperado;
·
Um milagre
impressionante;
·
Uma reprovação amorosa e
um efeito profundo.
Aprendemos aqui algumas
lições importantes: Em primeiro lugar, as tempestades da vida são inesperadas.
O Mar da Galiléia era
famoso por suas tempestades. É um lago de águas doces, de 21 quilômetros de
comprimento por 14 de largura, há 220 metros a baixo do nível do Mar
Mediterrâneo e é cercado de montanhas por três lados, que têm até 300 metros de
altura. Os ventos gelados do Monte Hermon (2.790m), coberto de neve durante
todo o ano, algumas vezes, descem com fúria dessa região alcantilada e sopram
com violência, encurralados pelos montes, caindo sobre o lago, encrespando as
ondas e provocando terríveis tempestades.
A palavra usada é
seismós terremoto (Mt 24:7). As tempestades da vida são também inesperadas: é
um acidente, uma enfermidade, uma crise no casamento, um desemprego. As
tempestades não mandam telegrama. Elas chegam em nossa vida sem mandar recado e
sem pedir licença. As tempestades, algumas vezes nos colhem de surpresa e nos
deixam profundamente abalados. Como seguidores de Cristo devemos estar
preparados para as tempestades que certamente virão. Os discípulos tinham
passado o dia ouvindo o Mestre e fazendo sua obra, mas isso não os isentou da
tempestade. Eles amavam a Jesus e tinham deixado tudo para segui-lo, mas isso
não os poupou do mar revolto. As aflições e as tempestades da vida fazem parte
da jornada de todo cristão. Em segundo lugar, as tempestades da vida são perigosas.
Mateus diz que o barco era varrido pelas ondas (Mt 8:24). Marcos diz que se
levantou grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco,
de modo que o mesmo já estava a encher-se de água (Mc 4:37). Lucas diz que
sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar
(Lc 8:23). As tempestades da vida também são ameaçadoras.
Elas são perigosas. São
verdadeiros abalos sísmicos e terremotos na nossa vida. Muitas vezes as
tempestades chegam de forma tão intensa que deixam as estruturas da nossa vida
abaladas. Põem no chão aquilo que levamos anos para construir. É um casamento
edificado com abnegação e amor, que se desfaz pela tempestade da infidelidade
conjugal. É um sonho nutrido na alma com tanto desvelo que se transforma num
pesadelo. De repente uma doença incurável abala a família, um acidente trágico
ceifa uma vida cheia de vigor, um divórcio traumático deixa o cônjuge ferido e
os filhos amargurados. Uma amizade construída pelo cimento dos anos naufraga pela
tempestade da traição. Em terceiro lugar, as tempestades da vida são
inadiministráveis. Elas são maiores do que nossas forças.
Os discípulos se esforçaram para
contornar o problema, para saírem ilesos da tempestade. Mas eles nada puderam
fazer para enfrentar a fúria do vento. Seus esforços não puderam vencer o
problema. Eles precisaram clamar a Jesus. O problema era maior do que a
capacidade deles de resolver. Há problemas que nos deixam com uma profunda
sensação de impotência. Não temos força para resistir a fúria dos ventos e a
força das ondas. Certa feita, Josafá, rei de Judá, foi encurralado por três
inimigos que se armaram até os dentes para atacar Jerusalém. Mandaram-lhe um
recado insolente, dizendo que o rei não podia escapar de suas mãos. Josafá teve
medo, pôs-se a buscar a Deus e decretou um jejum em toda a nação.
TRECHO DO LIVRO