O Senhor tinha o costume, especialmente pouco
antes de sua paixão, de pregar a Palavra de Deus durante o dia no templo que
havia em Jerusalém; sua pregação era acompanhada de sinais e milagres. Quando
chegava a tarde voltava para Betânia, hospedando-se na casa de Lázaro, Marta e
Maria, e na manhã seguinte voltava à mesma atividade. E como estivesse no
último dia da festa do tabernáculo ocupado com a pregação, à tarde foi ao monte
das Oliveiras. É isso o que diz: E Jesus
foi para o monte das Oliveiras, e: “E onde
devia pregar Jesus senão no monte das Oliveiras, no monte do unguento, monte do
crisma? O nome Cristo quer dizer crisma; e crisma em grego quer dizer unção.
Nos ungiu porque nos colocou na condição de lutar contra o diabo” (Santo
Agostinho, In Joannen, tract. 33), e também: “Significava que depois que começou a habitar no templo por meio da
graça (isto é, na Igreja), todas as gentes começaram a acreditar n’Ele. Por
isso segue: ‘E veio a Ele todo o povo, e sentado lhes ensinava” (São
Beda), e ainda: “A ação de estar sentado
representa a humildade da Encarnação. E quando o Senhor estava sentado, o povo
vinha a Ele, porque depois que se fez visível pela natureza humana que tomou,
começaram muitos a ouvir e crer n’Ele, porque havia aproximado deles por meio
da humanidade. Enquanto que os pacíficos e simples admiravam as palavras do
Salvador, os escribas e os fariseus lhe perguntavam, não para aprender, mas
para embaraçar a verdade. Por isso segue: ‘Os escribas e os fariseus lhe
trouxeram uma mulher surpreendida em adultério, a puseram no meio e lhe
disseram: ‘Mestre, esta mulher foi surpreendida em adultério”, e: Haviam conhecido que o Salvador era muito
bondoso, porque d’Ele estava escrito: ‘... reina por meio da verdade, da
mansidão e da justiça’
TRECHO DO LIVRO