Se
perguntarmos na rua “é melhor amar ou
não amar?”, provavelmente as respostas não variam muito: “é melhor amar”, “amar é bom”, “amar faz-nos
bem”. Mas se a seguir perguntarmos “e
o que é o amor?”, teremos quase tantas respostas diferentes quantas
pessoas… “quem sabe é o coração!” Parece
que nunca como hoje o amor foi tão enaltecido, falado, sublinhado, desejado,
cantado, apresentado como a melhor coisa. Mas, provavelmente nunca como hoje, o
ser humano se viu tão confuso e baralhado na hora de dizer o
que é o amor. Nós
sabemos! Não somos melhores que ninguém. Mas sabemos. O Senhor disse-nos o que
é o verdadeiro amor. Disse e mostrou. Amou-nos. Ama-nos. Nós também dizemos que
o amor é importante, o mais importante. Dizemos mais: Com Jesus sabemos que o
amor entre nós será o sinal de que somos cristãos. Mas qual amor? Sermos boas
pessoas, bem comportadas? Sermos amigos dos nossos amigos? Termos interesse e
simpatia por quem sofre e precisa de nós? Tudo isso pode ser importante, mas
Jesus o que diz é muito mais: é
como Ele nos ama que somos chamados a amar-nos uns aos outros. Então
a primeira coisa a fazer é calarmo-nos diante do seu amor por nós, contemplar
esse amor, em silêncio de adoração. Como é possível um amor assim? Só dom, só
oferta, só entrega de vida até dar a própria vida. Deus é amor. Isso vêmo-lo em
Jesus. Ele não só nos tem o amor supremo, Ele é o Amor. E é com Ele que nós vamos percebendo cada vez mais
como é o amor autêntico, verdadeiro. Não o amor das novelas, não o amor
mesquinho, não o amor que espera retribuição. Dizem-nos
Amar é dar e receber. Fica bem nos postais, mas é mentira. Amar é dar,
amar é dar-se. Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida pelos que ama, disse e fez Jesus. E este
mandamento que nos deixa – Como Eu
vos amei… Amai-vos – aparece na altura em que Jesus já sabe que a sua
morte estava para acontecer, aquela morte sofrida, mas ao mesmo tempo livre.
Uma morte por amor, em amor, que o amor resgata, saindo vencedor para oferecer
gratuitamente vida. Como
é o nosso amor? Um amor pequenino, calculista – dou para que me dês.
Sempre misturado com grandes doses de egoísmo, à espera do aplauso, do
reconhecimento e da retribuição. Mas esse não é o verdadeiro amor, o amor digno
desse nome. Só Jesus tem esse amor puro e autêntico. E nós que queremos ser
seus discípulos não podemos deixar de obedecer a este mandamento, porque
sabemos que assim seremos felizes. O que fazer? Vamos aprender de Jesus? Mas o
que Ele nos disse não foi para nos aproximarmos aos poucos do seu amor, da sua
forma de amar… Disse para nos amarmos como Ele nos amou. Ai de nós! Como
poderemos alguma vez amar assim, na medida da cruz, deixando-nos matar, se
preciso for, por aqueles a quem somos chamados a amar? Será que Jesus brinca
conosco? Será que é uma forma de dizer? Será apenas poesia? NÃO! É verdade, é
possível amar assim… Se e só se Ele nos der o Seu amor. Se Ele puser no nosso
coração o amor aos outros. Aos que são dos meus
e aos que são dos outros. Aos que gostam de mim e aos que não gostam. Àqueles
de quem eu gosto e aos que me são insuportáveis. Aos que me fazem bem e aos que
me fazem mal. Aos amigos e aos inimigos. Ao
longo da história quantos homens e mulheres experimentaram este amor,
acolheram-no e, por isso, viveram-no com os outros! Foram chamas de amor para
os outros, no serviço, no dom. Mas também hoje é possível este amor que tudo
renova, que constrói e que salva. Esta Palavra é igualmente para os dias de
hoje. É para qualquer um de nós. Não precisamos estar à espera de nenhum dia
especial. Hoje mesmo somos chamados a escutar esta palavra e a acreditar que
Jesus tem poder para fazer acontecer em nossas vidas. Melhor, só Ele pode
cumprir esta palavra, só Ele tem o Espírito, Deus Amor, que derramado nos
nossos corações nos faz amar até ao fim, ou seja, sempre e sem guardar
nada para si próprio.
TRECHO DO LIVRO