Maria Sanchez Penha conheceu o ex-marido na melhor época da sua vida. Ela tinha
quinze anos; ele, vinte e cinco. No começo o que se predominava eram as juras de
amor. Maria estava apaixonada, ou cega, como diria mais tarde, mas o amor é
mesmo assim: Indecifrável no começo, trágico no fim. Eles faziam planos a curto
médio e longo prazo e Maria se encantava com tudo que ele dizia e planejava.
Brigas, discussões, são normais nos casais pensava Maria e com uma boa lábia,
ele sempre trazia a situação sob seu controle depois de uma briga. Até então,
as ameaças não faziam parte da rotina do casal – Até então. Certa vez fizeram uma viagem. Foram a uma praia e foi
ali que a situação pareceu que começaria a fugir do controle: Depois de uma
sucessão de brigas, Maria ameaçou deixá-lo. Ele a levou para um penhasco e
garantiu que a mataria caso o relacionamento chegasse ao fim. Mesmo depois
desse e de novos episódios semelhantes acontecidos, os dois resolveram morar
juntos:
- Querendo ou não, eu gostava dele, justificava Maria.
Maria “achava” que ele
poderia mudar.
São coisas do amor, ainda mais quando é cego, mas o que é o amor? Pergunta
sem resposta. Quem sabe é o coração. A primeira agressão física aconteceu numa
noite de Natal. Imaginem só, bem numa época em se prega o amor e a alegria
entre pessoas que se amam. Maria levou uma cabeçada do marido que a fez
desmaiar. Quando acordou, foi impedida de ir para a casa dos pais pelos
cunhados, cúmplices das inúmeras outras agressões que ela viria a sofrer. Teve
que ir para a casa que dividia com o marido. A partir daí, chutes, socos,
empurrões e ameaças de morte se sucederam:
- Eu
pedia para nos separar; ele chorava muito, dizia que ia mudar. Fui levando.
Eles continuaram juntos e tiveram um filho. Numa ocasião, chegaram a
ficar separados por dois anos, e Maria, certa vez, teve de ficar hospedada na
casa da sogra, pois o filho faria uma cirurgia. Com isso o casal voltou a viver
juntos. Depois, quando Maria decidiu aceitar um emprego, despertou a fúria do
marido. Ele subiu em sua barriga e a socou vigorosamente. A sogra assistiu à
cena, imóvel:
- Quando meu marido terminou de me bater, minha sogra disse que a culpa
era minha.
Maria se mudou, mas não
conseguiu completar nem um mês no apartamento arranjado pela amiga. Em outra
ocasião, ele tentou matá-la com uma faca. Conseguiu fugir e se escondeu na casa
de uma amiga. Maria então resolveu denunciá-lo, uma, duas, tantas vezes, mas as
ameaças continuaram, apesar das ordens judiciais de que ele deveria se manter
afastado dela por certa distância, das ameaças da polícia de prendê-lo, e a
vida de Maria passou a ser um tormento ameaçador, a todo o momento fugindo, com
medo e se escondendo de seu grande amor.
SINOPSE DO LIVRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário