Quando garoto olhava para meu pai e
imaginava ser como ele quando crescer. Minha mãe dizia que tinha que comer bastante
arroz com feijão. Bem magrinho, olhava no espelho e projetava a minha imagem, a
minha vida que estava por vir. Meu pai foi um comerciante das feiras livres.
Carregava caixas e sacos de legumes nas costas como se fosse pena e queria
fazer como ele quando crescer. Eu tinha orgulho. Ele me dizia que a força vinha
da inteligência e que a inteligência era adquirida nos estudos, na força de
vontade, em querer saber e conhecer. Meu pai me aconselhava a estudar bastante,
para ser alguém na vida. Eu vi meu pai chorando. Nem quando a caixa cheia de
legumes caiu em seus pés, tampouco quando ele tinha uma forte dor de dente. O
tempo passou e comecei a compreender a vida e suas emoções. Chorei muito, mas
pelos amores possíveis e impossíveis, pela falta de um ente querido, pela
saudade – Palavra mais escrita pelos
poetas. Pensei
que meu pai fosse chorar como minha mãe chorou quando quase fui para o
exército, quando me formei na faculdade de administração de empresas, já que
não tive a sorte de ser um jogador de futebol - O sonho dele. Quando me casei,
arrumei minhas coisas e fui para bem longe e mesmo assim ele não chorou. - Minha mãe chorou! Quando
minha filha nasceu ele não chorou. Suas lágrimas escorriam por dentro. Queria
que ele pudesse ter visto meu filho nascer! Duvido! Ele iria chorar como eu.
Mas como dizem: Ninguém é de ferro: - Meu pai chorou: Ao ver as
lágrimas escorrendo em seu rosto, me senti numa guerra, prisioneiro do inimigo.
Ele reteve as lágrimas até quanto pode, mas seu coração transbordou, não teve
como segurar, pois um filho que ele criou foi embora e se sentiu como se
estivesse perdido uma guerra. Chorou
desesperado. Um dia vou reencontra-lo. Ele vai me
abraçar e vamos chorar. Só que será um choro de felicidade! -
Meu pai chorou.
ANTONIO AUGGUSTO JOÃO
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