02 novembro 2016

PECADOS - VOLUME II

Dona Maria Isabel sempre foi uma senhora muito bem quista naquele bairro. De uma humildade ímpar, ajudava a todos, dentro de suas possibilidades. Além disso, era sempre chamada pelo padre da paróquia do bairro para ajudar a arrecadar prendas e organizar as festas promovidas pela igreja, com o intuito de angariar fundos para ajudar famílias carentes. Viúva, tinha dois filhos: Eduardo e Monica. Monica foi embora cedo de casa. Aos dezoito anos, encontrou o amor de sua vida, homem vinte e sete anos mais velho, milionário, que a levou para morar em outro país. Eduardo sempre foi um boa vida que ficava pulando de galho em galho e cuidando da vida dos outros. Não ajudava a mãe em nada, e ainda atrapalhava. Fofoqueiro, vivia deixando contas penduradas no bar onde bebia sua cervejinha todo final de tarde, mesmo tendo dinheiro para pagar seu consumo. Para ele, todo mundo estava errado e ele sempre certo. Adepto da "Lei de Gerson", se considerava o cara mais esperto do mundo. Casado com Vera, Eduardo tinha um casal de filhos: Tiago de cinco anos e Débora de três, a quem não dava à mínima, não se preocupava em passear com as crianças para não gastar dinheiro. Era Dona Maria Isabel quem comprava roupas para as crianças e a renda com que Vera recebia, gastava com as despesas da casa. Eduardo dizia a Vera que sua renda era para ser guardada e garantir o futuro da família, mas na verdade, Eduardo fazia de tudo para aumentar sua renda, agindo, inclusive, como agiota na empresa onde trabalhava e com os amigos do bairro. Eduardo trabalhava na administração de uma grande loja de produtos de informática e na hierarquia do escritório era o nível quatro. Respeitador da hierarquia, porém ambicioso, distinguia as pessoas por suas posses. Exemplo: Se um colega tinha o carro mais novo e melhor do que o dele, ele respeitava, porém ambicionava e fazia de tudo para conseguir ter o carro melhor, nem que fosse igual ao do seu oponente. Se o colega tinha faculdade e ele não, respeitava, se colocava abaixo, mas ambicionava ter o melhor conhecimento para poder "ganhar" na discussão sobre os assuntos inerentes à sua atividade profissional, respaldado pelo melhor conhecimento e experiência. Nas reuniões com os colegas e quando participava dos happy hours, não tirava do bolso nenhum tostão para dividir as despesas. Não pagava nem o cafezinho para os amigos. Vivia sempre na cola de alguém. Na convivência do trabalho, conheceu Sílvia, bem mais nova do que ele, que se apaixonou. Coitada. Eduardo pensou - Sílvia poderia lhe dar algo que sua esposa Vera não podia mais: Juventude na cama, presença, e dinheiro. Sílvia era uma gostosona e na cabeça de Eduardo o que se passava é que em todo lugar que fosse ele seria aclamado por ser um “homem de sorte”, por estar ao lado de uma bela mulher. Sílvia trabalhava por "esporte", para não ficar à toa, pois não gostava de estudar. Seu pai era um rico empresário e com todos os "atributos" que Sílvia pode lhe proporcionar, inclusive o dinheiro, Eduardo abandonou Vera e os dois filhos, como se tivesse tomado à decisão de trocar uma camisa e foi viver com Sílvia, a gostosona rica, tudo pela ganância, pois não a amava. E quando Sílvia ficou perdidamente apaixonada por Eduardo, ele, na faculdade, conheceu Cecília, mais rica e inteligente, e abandonou Sílvia, porque Cecília podia ajudá-lo e muito nos estudos e era mais gostosa que Sílvia. Os amigos ficavam impressionados, tentando entender, pois afinal Eduardo não era nenhum príncipe encantado: Feio, mal vestido, gago... Os amigos não entendiam como ele conseguia conquistar tantas mulheres bonitas e ricas. Não dava para entender. Eduardo tinha um grande amigo de infância, proprietário de uma grande revenda de automóveis e com isso, Eduardo, sempre na cola do amigo para tentar levar alguma vantagem, trocava seus carros para poder ficar melhor na fita que seus "concorrentes". Pagava a primeira prestação do financiamento e depois não pagava mais, até que o amigo tomava-lhe o carro, assumia a dívida, mas facilitava a compra de outro carro, às vezes até melhor que o anterior. - Afinal, amigo é pra essas coisas! Dizia Eduardo, o sovina. Depois de um tempo, Eduardo se formou e subiu um degrau no cargo profissional. Não ficou contente. Ambicioso, queria ficar no mesmo nível do chefe. Entretanto, para conquistar o que ambicionava, não media as consequências e se fosse preciso passava por cima de quem estivesse à sua frente. Como não conseguiu conquistar o lugar do chefe, resolveu ir embora, trabalhar como chefe numa outra empresa. Enquanto isso Cecília lhe propunha casamento a todo o momento. Cecília estava perdidamente apaixonada por Eduardo (vai entender), o Don Juan sovina que estava interessado “apenas” no dinheiro dela. Enquanto Cecília ficou prestes a cometer uma “loucura” para não perder seu príncipe encantado, sovina, Eduardo estava envolvido com a dona da nova empresa, Josefa, trinta anos mais velha, que estava viúva pela quinta vez. Pela primeira vez na vida o dinheiro não ficou à frente dos desejos de Eduardo. Apesar de muito rica, no conceito de Eduardo Josefa estava “acabada”, e com certeza ele não passearia no shopping de mãos dadas com ela: - Já pensou se algum amigo nos vir? Eduardo, que relutou, relutou... Queria uma menininha rica, gostosa, para marcar presença e fazer inveja aos amigos. Josefa, bem mais velha e feia (na opinião do sovina), poderia sacramentar a ambição de Eduardo que era a de ter muito dinheiro à sua disposição. Eduardo pagava pensão para Vera e vivia numa briga infernal com Sílvia e Cecília que não se conformavam em perder o Don Juan. Eduardo escolheu Josefa. Escolheu o dinheiro e a vida fácil, enquanto Josefa passou a se sentir a verdadeira rainha. As outras mulheres passaram a odiar o sovina, que nunca se importou. Porém, a vida dá voltas e sempre o melhor juízo é o de não cuspir no prato que comeu, como diz o ditado. Eduardo chegou até ser detido por não pagar a pensão de seus filhos, por quem nem ligava e nem queria saber como estavam. Eduardo não pagava a pensão porque sabia que Vera, orgulhosa, não iria cobrá-lo, mas se enganou e foi em cana. Ficou algumas horas na delegacia até pagar os atrasados e ser liberado. Passou-se um tempo e Josefa acabou por conhecer a verdadeira face do sovina. Mulher experiente, madura, vivida, já tinha enterrado cinco maridos e não se deixou envolver-se apenas pela paixão avassaladora que teve pelo Don Juan (vai entender) e acabou por dar um ponta pé na bunda do sovina. - Sinceramente não sei explicar porque tantas mulheres caem na lábia desse tal Eduardo. Dizia um colega de trabalho. O tempo passou e Eduardo acabou por montar uma empresa particular. Apesar de tudo, era um profissional competente e quando se casou com Soraia, sua gerente, achou que finalmente tinha encontrado o seu verdadeiro amor (vai entender). Soraia era mais jovem do que ele, mas sabia o que queria da vida. Eduardo deixava todos os afazeres da empresa em suas mãos e saía com várias mulheres, traindo Soraia que fingia que não sabia de nada. Eduardo se achava o cara mais esperto do mundo e nem imaginou que Soraia poderia arquitetar aquele plano para pegá-lo em flagrante. Por fim, Soraia o pegou em adultério, arrancou todo dinheiro possível e ainda ficou com a empresa, já que os clientes nem sabiam que Eduardo existia. Eduardo, o sovina, voltou a morar na casa da mãe. Foi detido várias vezes por não pagar pensão alimentícia e sempre foi Dona Maria Isabel quem tinha que correr e pagar os atrasados para libertar o filho querido. Ela tratou bem das sementes, mas os frutos foram contaminados pela ganância. Eduardo continuou cuidando da vida dos outros, querendo ser o melhor e o mais esperto que todos e procurando levar vantagem em tudo. Numa tarde de sábado, bebendo cerveja numa mesa de bar, Eduardo conheceu Teresa... Foi amor à primeira vista e ...
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