Quanto
estava procurando estágio em um hospital, o aluno Antonio de Medeiros chegou
para a entrevista e disse: - Sou
estudante de medicina e marquei para conversar com o Dr. Carlos Cardozo! A mulher branca que o atendeu perguntou: - Você
quer estágio para aluno de enfermagem? Ele respondeu: - Não, estágio para aluno de medicina. Ela repetiu novamente: - Estágio
para alunos de enfermagem? Foi difícil até cair a ficha da mulher
branca e chamar o médico para a entrevista. Outro fato aconteceu durante um estágio,
quando Antonio de Medeiros examinava uma paciente internada. Ele, juntamente
com um colega, era responsável pelo leito em que a paciente estava. Sempre que
ele chegava para examina-la, eram vários xingamentos e ela pedia para chamar o
médico. Achava que porque ele ainda era um estudante, até que um dia chegou
quando ela estava sendo
examinada por uma enfermeira branca, e ela disse: - O enfermeiro
já chegou? Onde ele está? A
enfermeira lhe disse que ele que era o médico e ela a enfermeira. Daí entendeu
então o porquê ela pedia para chamar o médico. Outro fato marcante vivenciado
pelo ainda aluno Antonio de Medeiros foi quando uma colega também negra, que
estava um ano adiantada e depois de formada em dois mil e dezessete, iniciou
seus trabalhos como médica dermatologista num hospital público da cidade e em
seu primeiro dia também foi anunciada como enfermeira e para mais desprezo
ainda, na reunião em que foi apresentada aos outros servidores, na saída, ouviu
de uma senhora, uma enfermeira branca que aparentava vários anos de serviços
prestados: - Você
acha que vai entrar no hospital com esse cabelo? Esses são alguns exemplos vivenciados pelo
aluno Antonio de Medeiros durante o ano de dois mil e dezoito que resolveu
“ignorar”. Sua ideia era a de terminar o curso, se formar como médico e seguir
uma carreira de êxitos, independentemente desses fatos absurdos, muitas vezes
cruéis. O importante dali em diante seria sua segurança, sua competência e
dedicação em salvar e cuidar de vidas.
TRECHO DO LIVRO
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