Vejo o sol se escondendo
atrás das montanhas, as ondas do mar bem calmas e uma suave brisa no ar. No céu
o voo rasante do condor enfeitando a paisagem, no mesmo momento que
emerge das águas do mar uma sereia, mulher exuberante que aparece toda vez
que o condor está voando. Queria eu ser o condor,
para sensibilizar a sereia e tê-la numa visão privilegiada, filmar seus
movimentos nas águas do mar e vê-la revoltando seus cabelos e confundindo seus
olhos com a imagem do mar, vista de cima, entre nuvens de algodão, no céu azul. Na manhã seguinte, cai
no mar novamente no mesmo momento em que o sol estava nascendo. No céu, não avistei
o condor. Deveria estar guardando suas energias para vir rasante quando
avistasse a sereia mergulhando no mar. E essa paixão, quando
avassaladora, confunde o real com o imaginário e em meus devaneios sou o
pássaro condor, feroz, em busca da minha presa, minha sereia, dotada de toda
sentimentalidade do amor perfeito, onde os sonhos se tornam realidade e as
nossas vidas passam a ser a plenitude do amor maior, feitio de paixão e assim
posso morrer de amor, ressuscitar no final do dia, quando o sol se por e as
estrelas uma a uma iluminarem o céu como os olhos da sereia. Vou olhar para o
céu em todos os finais de tarde, ver a paisagem com o sol e as montanhas – uma
obra prima, e o reflexo da sereia no espelho do mar. E como pássaro condor, impondo
minhas asas, voarei para buscar você – minha sereia, e saciar minha fome de
amar, pois nem mesmo nas profundezas do mar azul, posso ter em meu pensamento
que sou infeliz, pois tenho você, sereia. Vejo em teus olhos da cor do mar
toda a sentimentalidade do bem querer. Tenho nos raios de luz
dos teus cabelos toda maneira de te querer bem, desejar, possuir.
Assim, transformo-me no Pássaro Condor, feroz, a procura de
amor. Caço toda matéria nos mais longínquos cantos para poder te oferecer
como prêmio de toda minha devoção. Mergulho no mar -caço você - minha
sereia... Tento entender como esta presa que acorrenta meu coração, sufoca
minha alma, possa me possuir assim, com tanta ternura: - Mulher, metade amor metade paixão - que nem os dentes afiados de um
tubarão sedento possa me conter...que nem a mais raivosa das tempestades
possa me deter - Sou o teu príncipe do mar. Sou homem desvalido de tanto
amar. Ressuscito quando o sol se põe, para viajar num sonho possível, onde
a cada noite dou um pedaço do meu coração. Mesmo sangrando, meu coração
pula do peito e pode ainda bater por longos dias, como prova de meu
amor. De tanto amar, me vem o Pássaro Condor, no meu íntimo, na sua
devoção, com a presa em suas mandíbulas, trazendo mais um pedaço de você, para
que brote novamente o meu coração.
TRECHO DO LIVRO...
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